Artigo de Opinião por Juliana Fujimoto e Thaynara do S. Barbosa.
Rua em Kobe - Japão | Pixabay
Apesar de estarem geograficamente distantes, Brasil e Japão, vivem em constante migração cultural há mais de um século. O Brasil tem hoje a maior população japonesa fora do Japão, cerca de 1,5 milhões de pessoas. Isso porque, depois da Primeira Guerra Mundial o Brasil tornou-se um dos poucos países no mundo a aceitar imigrantes japoneses. Vencendo o preconceito que o Ocidente tinha com o Oriente.
O crescimento da imigração para o Brasil, foi estimulado quando os Estados Unidos baniram a entrada de imigrantes japoneses, através da United States Immigration Act de 1924. Dessa forma, a maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920- 1930. O objetivo destes era vir trabalhar muito e voltar ao Japão com melhores condições. Porém, as inadequadas condições de trabalho, preconceito étnico e cultural, além da língua divergente, fez com que os imigrantes japoneses fossem arrependendo-se com os planos de virem ao Brasil.
Nesse contexto de preconceito, em 1937, por exemplo, em sinal de que nenhuma identidade era mais importante do que a brasileira, os japoneses foram forçados a se tornarem brasileiros e deixar seus costumes no passado. O então Presidente Getúlio Vargas criminalizou as manifestações culturais nipônicas e proibiu o uso da língua japonesa, além disso, a imprensa classificou os japoneses como terroristas.
Apesar disso, começou a se formar uma espécie de comunidade japonesa, uma outra "nação", em que as pessoas vivenciam uma outra cultura, se vestem com outras roupas e até falam diferente; esse fenômeno é chamado de globalização da cultura pop japonesa, criando no Brasil os chamados "otakus", que são pessoas que gostam de anime, mangá, tokusato, cosplay e mais algumas coisas da cultura japonesa.
Por conseguinte, a difusão da cultura japonesa no Brasil não é algo novo e acontece mais por vontade dos ocidentais do que dos orientais, tornando o interesse por essa cultura algo relacionado ao modismo, em que estão na pauta a vida saudável e o autoconhecimento, assim como, a busca pelo restaurante japonês da moda, o judô, o budismo, o origami ou outras atividades trazidas pelos japoneses.
Portanto, um país que tinha uma política externa de isolamento e que tomava sérias punições aos japoneses que fugissem a outros países teve como resultado da imigração de seus cidadãos a disseminação de sua cultura e influência na sociedade brasileira; originando uma aproximação cultural entre dois países que iniciaram as relações diplomáticas com o Tratado de Amizade, Comércio e Navegações, em novembro de 1895 sem nem ter conhecimentos um do outro.
Logo, o fluxo de pessoas entre Brasil e Japão não tem mais relevância se comparado com os números do início do século XX, mas a parceria entre os dois países se estendeu para os diálogos globais, tanto que o Japão apoia o lado do Brasil quanto a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Juliana Fujimoto e Thaynara do S. Barbosa, Acadêmicas de Relações Internacionais na Universidade Católica de Brasília.
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